“Tu falarás tudo o que
eu te mandar; e Arão, teu irmão, falará a Faraó, que deixe ir os filhos de
Israel da sua terra. Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó e multiplicarei
na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas. Mas Faraó não vos ouvirá;
e eu porei minha mão sobre o Egito, e tirarei os meus exércitos, o meu povo, os
filhos de Israel, da terra do Egito, com grandes juízos”. Êxodo 7 vv. 2-5
Mas porque Deus endureceu o coração do Faraó, não podia simplesmente tirar o povo de Israel da escravidão no Egito e pronto?
Pode parecer ser uma
injustiça o fato de que Deus endureceu o coração de Faraó para então punir o
Faraó e o Egito pelas ações que vieram de um coração endurecido por Deus. Por que
Deus endureceu o seu coração para então julgar o Egito mais severamente com
outras pragas?
Para começo de conversa precisamos lembrar que
Faraó não era um homem inocente ou piedoso. Ele foi um ditador brutal
responsável por terríveis abusos e pela opressão dos israelitas; até então o
número já chegava a mais ou menos 1,5 milhões de pessoas. Os faraós egípcios tinham
os israelitas escravizados por 400 anos. O Faraó anterior, e possivelmente o
mesmo Faraó em questão, ordenou que os bebês israelitas do sexo masculino
fossem mortos ao nascer (Êxodo 1 v.16). O Faraó cujo coração Deus endureceu era
um homem perverso e as pessoas com quem ele governou concordaram, ou pelo menos
não discordavam de suas más ações.
Vemos que mesmo antes das primeiras pragas, Faraó já endurecera
o seu coração e não libertou os
israelitas. “Porém
o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha falado” (Êxodo 7 vv. 13 e 22). Ele poderia ter poupado o
Egito de todas as pragas se ele não tivesse endurecido seu próprio coração.
Deus deu a Faraó advertências cada vez mais severas de que julgamento estava
por vir. Foi o Faraó quem escolheu trazer juízo sobre si mesmo e sobre o seu povo ao
endurecer o seu coração contra as ordens de Deus.
Como fruto do coração
duro de Faraó, Deus endureceu seu coração ainda mais, dando entrada às últimas
pragas. Faraó e o Egito haviam trazido
estes juízos sobre si próprios por causa de 400 anos de escravidão e massacre.
Dado que o salário do pecado é a morte (Romanos 6 v.23) e que Faraó e todo o
Egito tinham pecado horrivelmente contra Deus, ainda teria sido justo se Deus
tivesse completamente aniquilado todos do Egito. Portanto, Deus endurecendo o
coração de Faraó não foi injusto. Deus trazendo pragas adicionais ao Egito não
foi injusto. As pragas, por mais terríveis que fossem, realmente demonstraram
misericórdia de Deus em não destruí-los por completo – mesmo assim, isso ainda
teria sido uma pena perfeitamente justa.
Cabe aqui ressaltar que em cada uma das cinco primeiras pragas, o Faraó
foi o agente exclusivo do endurecimento. Só a partir da sexta praga Deus
confirmou a ação deliberada do Faraó (Êxodo 9 v.12), como avisara a Moisés que faria.
Cada praga enviada ao Egito teve o propósito de
desafiar os deuses egípcios. Tiveram o propósito de mostrar a glória de Deus a
eles e buscar levá-los ao arrependimento."Deus endureceu" não
significa que eles deixariam os hebreus saírem do seu território de boa
vontade. Deus endureceu o que era duro. Deus apenas postergou da sexta praga em
diante para mostrar que ele era o único Deus."Deus endureceu" não foi
uma escolha de Deus para um povo bonzinho que estava com o coração disposto a
libertar o povo. "Deus endureceu" foi direcionado a um povo que, só
para lembrar, há 400 anos os mantinha debaixo de escravidão.
O endurecimento do coração do Faraó,
quando vinculado à Deus, está se referindo a sexta praga em diante. Nas
primeiras 5 pragas, o próprio Faraó se endurecera sozinho, pois vendo a ação de
Deus sobre o povo egípcio, mesmo tendo sua pátria atingida por pragas
"brandas", não aceitou a recomendação que Moisés havia feito e
endureceu seu próprio coração. Na sexta praga em diante, as pragas foram mais fortes,
culminando quase na destruição do Egito, porém, a partir deste momento, o próprio Deus endurecera o coração do Faraó
para mostrar que ele é maior que todos os deuses que o Egito cultuava e que
tais “deuses” não podiam fazer nada para ajudá-los.
O que aconteceu e acontece muito em nosso dias é que Deus endurece o coração do homem, como fez com Faraó para mostrar que é soberano e manifestar o seu poder. Paulo usou esta passagem para demosntrar à igreja em Roma que é assim que Deus age, vejamos o que diz Paulo em sua epístola aos Romanos 9 vv.17-21: “Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo
te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja
anunciado em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a
quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem
resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?
Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou
não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para
honra e outro para desonra? ”
Assim sendo, o fato de que Deus escolheu endurecer e punir uma pessoa não é injusto, já que isso na verdade é um ato de misericórdia quando comparado com o que a pessoa realmente merece.
Assim sendo, o fato de que Deus escolheu endurecer e punir uma pessoa não é injusto, já que isso na verdade é um ato de misericórdia quando comparado com o que a pessoa realmente merece.
Deus operou e ainda opera para
libertar seus filhos, nem que para tal tenha que agir no coração de alguém,
como o fez com o Faraó. Seu marido não crente é livre para desobedecer; seu
filho não crente é livre para desobedecer; Sua esposa não crente é livre para
desobedecer; seu pai não crente também é livre para desobedecer. Contudo,
continue orando a Deus. Ele vai agir, no tempo dele, e seu marido, filho,
esposa, pai renunciará à sua liberdade para aceitar o senhorio dele. É um
mistério que você experimentará, se continuar orando. Ore e espere. Pelo seu
imenso poder, Deus preserva a nossa liberdade e faz com que seus planos
se cumpram. As vitórias na vida têm um alto preço. Seu sofrimento no Egito
seria usado por Deus para educá-lo. Aquela dificuldade estava formando o povo
para a liberdade. Deus não lhe infligiu aquele sofrimento (a escravidão pode
ter sido um jogo de esperteza do Faraó um dia, no passado) por vontade dEle,
mas o povo pôde aprender que o livramento foi um ato dEle e não uma decorrência
dos seus gestos de valentia ou arrogância. Deus sabe que, no tempo do Faraó e
no nosso, a vitória fácil é a ante-sala da derrota. Deus é Senhor, mas este
senhorio não suprime/oprime/deprime a liberdade humana. Não devemos endurecer o
coração para Deus em tempo algum. O convite bíblico é outro: você, que hoje
está ouvindo a voz de Deus, não endureça o seu coração (Hebreus 3 vv.7-8). Que o amor de Deus que excede todo o nosso entendimento seja derramado sobre a sua vida e de sua família em nome de Jesus Cristo. Amém!
legal!
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