“Ouvi,
ainda, outra parábola: Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e
circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e
arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe. E, chegando o tempo dos
frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. E os
lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram
outro. Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles
fizeram-lhes o mesmo. E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão
respeito a meu filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este
é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão
dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram. Quando, pois, vier o senhor
da vinha, que fará àqueles lavradores? Dizem-lhe eles: Dará afrontosa morte aos
maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe dêem os
frutos. Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os
edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ângulo; Pelo Senhor foi
feito isto, E é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino
de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.”Mateus 21 vv.33-43
Escrevo hoje
este pequeno texto, pois recentemente ouvi uma pregação de um dito “conferencista”
com outra direção, outra interpretação que muito feriu meus ouvidos em relação
à hermenêutica que não foi empregada, pelo fato de ferir as leis do contexto,
do uso comum, do destinatário. Posso com certeza dizer que a interpretação
desta parábola é extremamente fácil, tendo em vista que são tão precisos os
caracteres de suas personagens e os fatos a que se reportam.
Não tenho dúvida
alguma em dizer que o proprietário é Deus, a vinha é o Reino de Deus que deverá
ser implantado na Humanidade terrena; e os lavradores á quem a vinha foi
arrendada são os sacerdotes de todas as épocas, desde os que sacrificavam
animais para oferecer em holocausto nos altares do judaísmo até os de hoje, que
ministram em grandiosos templos e
catedrais. Os frutos são a piedade cristã, o progresso moral, e os servos
incumbidos de recebê-los são os missionários enviados por Deus a Terra, de
tempo em tempo, a exemplo dos profetas da Antigüidade, João Hus, Savonarola,
Lutero, etc., os quais, por buscar estes frutos junto aos Sacerdotes de suas
épocas, tratando da falta de cuidado no trato das coisas divinas, foram por eles
perseguidos, injuriados e mortos.
O filho do
proprietário é Jesus Cristo, cujo sofrimento na cruz foi, também, obra
exclusiva do sacerdotalismo. A herança é o
reino dos céus, de que o sacerdócio hierárquico pretende ter a posse,
constituindo-se seu único dispensador. Arrogando-se os
poderes inerentes ao herdeiro, os sacerdotes, ao invés de cultivarem a vinha,
abandonaram-na, esqueceram-na; favoreceram o desenvolvimento de plantas
daninhas, deixando, assim, o proprietário sem os frutos devidos.
De fato, após
séculos e séculos de influência absoluta sobre as consciências, que resultado
têm a apresentar ao Senhor da vinha? A indiferença religiosa, o esfriamento do
amor (contribuem para o aumento da iniquidade), o ateísmo e toda a sorte de
males decorrentes dessa estagnação espiritual.
O domínio desses
lavradores maus, porém, está a findar-se.
Por toda a
parte, suas organizações pseudo-religiosas, dogmáticas e obscurantistas, cheias
de formalismos, cerimônias culturais, ritos e pompas exteriores, estão em
franca decadência.Sim, os dias desses rendeiros relapsos estão contados.
Durante muito
tempo, a pretexto de combater heresias e apostasias, eles torturaram,
massacraram e queimaram os enviados do Senhor, que lhes vinham cobrar os frutos
da vinha. Já agora, a última parte da parábola começa a realizar-se: estão
perdendo todo o prestígio que gozavam junto aos governantes e a ascendência que
tinham sobre a.s massas populares, assistindo, apavorados, à deserção em massa de
suas igrejas; estão sendo destruídos rigorosamente aqui, ali e acolá, sofrendo
na própria carne aquilo que fizeram a outrem padecer.
Concluo dizendo que esta parábola
retrata a rejeição do amado Filho de Deus , por Israel. Israel rejeita o
Messias e o seu reino. Como resultado: o reino de Deus e seu poder são dados a outros;
àqueles que aceitam o Evangelho quer judeus ou gentios. Este princípio continua
em vigor. O reino e o seu poder serão tirados daqueles que deixam de permanecer
fiéis a Jesus Cristo e que rejeitam
os seus caminhos de justiça; em seu lugar receberão o reino aqueles
que se separam do mundo e buscam em
primeiro lugar o reino de Deus e a sua
justiça (Mateus 6 v.33). Que o amor de Deus que excede todo o nosso entendimento seja derramado
sobre sua vida e de sua família em nome de Jesus Cristo. Amém!
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